terça-feira, 21 de outubro de 2008

Uma flâneur solta no mundo..

Peço licença a Renato Torres
para transcrever este belo trecho que diz muito, ou tudo,
daquilo que penso sobre o que estou vendo...

Flâneur

O que posso fazer é à distância
entregar-me sem peso ao ileso,
seguir adiando o quando chegar
para estar apenas de passagem
noutros portos, outras imaginações.
O que posso dizer é de correr
com os olhos pelas pradarias nas montarias,
pelos declives onde estiveram antes outros errantes
e souberam a brasa da conquista
pondo a vista sobre horizontes
deitando fora suas recordações.
O que posso escrever é por acaso
um irrazoável risível, com voz escassa
enquanto as praças da cidade
revelam novas esquinas a cada passo meu.
O que penso escrever jamais se diz
névoa branca, parindo silhuetas,
passando longínquas e sem nome,
noturna fome a refutar sentido,
sigo sempre à revelia do olvido.

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