quarta-feira, 18 de agosto de 2010

PRIMAVERA...

"Enquanto a primavera não chega
Procuro o mais belo caminho pra percorrer
Aquele que faça sentir o cheiro do verde
Terra molhada, brotos.
A calmaria iluminada pelos raios de sol
Riacho tranqüilo de águas claras
Me fazem percorrer o pensamento.
Por que não cuidas do que tem?
De graça todo dia você vê
Olha a beleza desse céu,
O sol forte,
há vida ao seu redor
Só você não se basta, pense bem
Viva a vida.
Enquanto não chega a primavera
Vou andando a procura
Daquela luz que ilumina o dia
Eu sei que ela vai passar e me levar"

segunda-feira, 1 de março de 2010

Carlos Drummond de Andrade

"A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade."

Depois de uma temporada distante... retorno de forma inspiradora...

O Último Pôr do Sol
Lenine / Lula Queiroga

A onda ainda quebra na praia,
espumas se misturam com o vento,
no dia em que você foi embora, eu fiquei
sentindo saudades do que não foi
lembrando até do que não vivi
pensando em nós dois

eu lembro a concha em seu ouvido,
trazendo o barulho no mar na areia.
No dia em que você foi embora eu fiquei
sozinho olhando o sol morrer
por entre as ruínas de Santa Cruz
lembrando nós dois

Os edifícios abandonados,
as estradas sem ninguém,
óleo queimado, as vigas na areia,
a lua nascendo por entre os fios dos seus cabelos,
por entre os dedos da minha mão passaram
certezas e dúvidas

Pois no dia em que você foi embora, eu fiquei
sozinho no mundo sem ter ninguém
o último homem no dia em que o sol morreu

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Cirurgia de lipoaspiração?

Peço licença ao autor para postar este trecho aqui e agradeço a um amigo por proporcionar-me esta reflexão:

Pelo amor de Deus, eu não quero usar nada nem ninguém, nem falar do que não sei,
nem procurar culpados, nem acusar ou apontar pessoas,
mas ninguém está percebendo que toda essa busca insana pela estética ideal é muito menos lipo-as e muito mais piração?
Uma coisa é saúde outra é obsessão.
O mundo pirou, enlouqueceu.
Hoje, Deus é a auto-imagem. Religião é dieta.
Fé, só na estética. Ritual é malhação.
Amor é cafona, sinceridade é careta, pudor é ridículo,sentimento é bobagem.
Gordura é pecado mortal. Ruga é contravenção.
Roubar pode, envelhecer não. Estria é caso de polícia. Celulite é falta de educação.
Filho da puta bem sucedido é exemplo de sucesso.
A máxima moderna é uma só: pagando bem, que mal tem?
A sociedade consumidora, a que tem dinheiro, a que produz,
não pensa em mais nada além da imagem, imagem, imagem.
Imagem, estética, medidas, beleza. Nada mais importa.
Não importam os sentimentos, não importa a cultura, a sabedoria, o relacionamento, a amizade, a ajuda, nada mais importa.
Não importa o outro, o coletivo.
Jovens não tem mais fé, nem idealismo, nem posição política.
Adultos perdem o senso em busca da juventude fabricada.
Ok, eu também quero me sentir bem, quero caber nas roupas, quero ficar legal, quero caminhar correr, viver muito, ter uma aparência legal mas…
Uma sociedade de adolescentes anoréxicas e bulímicas, de jovens lipoaspirados, turbinados aos vinte anos não é natural. Não é, não pode ser.
Que as pessoas discutam o assunto. Que alguém acorde. Que o mundo mude. Que eu me acalme. Que o amor sobreviva.
‘Cuide bem do seu amor, seja ele quem for'

Escrito por Herbert Vianna, cantor e compositor.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Cenas da vida real

Milhares de pessoas se cruzam em um mesmo lugar todos os dias.
Ana que é mulher de Francisco, prima de Rita casada com Fabrício que conhece Tereza mãe de Ricardo que acabou de conhecer Paula.
- Celular! Venda, troca, desbloqueio. - Grita Ana, bem forte, para que todos que passam por ali a ouçam.
Tereza saiu de casa as 4h da madrugada para chegar a tempo de abrir o salão que fica numa galeria na Avenida Amazonas esquina com a Avenida Afonso Pena. Francisco também sai cedo de casa e passa por Tereza na rua sem reconhecê-la. Ele é pedreiro de grande edifício que está em obras, o antigo Cine Brasil que fica na esquina da Carijós com Amazonas.
Ricardo, filho de Tereza, participa do Programa do Governo Federal e é considerado um aprendiz. Corre todos os dias para não chegar atrasado na escola, mas se encanta e para ao ver montada no meio da rua fechada a estrutura da TV que transmite reportagens ao vivo no jornal da cidade. Ricardo se apaixonou por Paula em uma manifestação de estudantes que participou, eles lutavam pacificamente pelo passe livre.
Rita atravessa a longa avenida apressada com o bebê no colo e puxa o outro pela mão, mesmo o sinal estando vermelho para ela este trajeto, feito todos os dias, a leva para a porta da igreja, onde ela se acomoda como pode com as crianças, na esperança de poder comprar o alimento do dia seguinte.
Fabrício, pai de três filhos, casado há mais de dez anos com Rita, prima de Ana, mulher de Francisco que conhece Tereza, mãe de Ricardo apaixonado por Paula, é piloto do helicóptero da TV. Ele sobrevoa a região todos os dias, sempre no mesmo horário. Observa e transmite tudo ao vivo, sem perceber que está transmitindo a vida real.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Momento Mori

As vezes não encontro saída
e sinto você por perto
meus medos me assombram
vão, mas reaparecem
uma vida incerta faz vacilar
sinto vontades que não podem concretizar
meu momento, intenso
reflito sobre trilhas do vento
castelos de areia desmoronados,
idéias soltas fazem me perder
é o caminho aleatório que me guia
a tentativa é em vão
busco um tempo muito distante
me arrepio ao sentir-se tão presente
por que me assombra assim
sinto falta de proteção
daquele colo que enchugava o meu pranto
que entendia o meu silêncio,
talvez seja culpa da solidão.
Esse medo que me toma
tanta insensibilidade
anda a flor da minha pele,
continuo a simples busca
por meu caminho aleatório,
não quero que o medo de sentir a sua presença
me faça parar de caminhar.

A Palavra

Por que as pessoas falam tanto?
Mas não medem as palavras.
O valor e o peso de cada palavra.
A palavra pequenina ou de difícil grafia...
Inconstitucionalmente
não me diz nada, se não ligo para as leis
mas a força da dor
só sabe aquele que a tem.